A reunião do Garotas pelo Mundo, realizada neste sábado (1), teve como principal tema a história do feminismo e como esta afeta o movimento nos dias atuais. A percepção distorcida que as pessoas têm do feminismo nos dias de hoje é atribuída pelas divisões do movimento e suas diferentes abordagens, que se resumem a um mesmo ponto: a igualdade entre homens e mulheres na sociedade contemporânea. Entre a discussão mais teórica realizada na reunião, destacaram-se certos pontos:
Sociologia dos palavrões
Foi comentada a origem social dos palavrões e como, na maioria das vezes, estes remetem ao feminino. Palavras que se referem à sexualidade feminina sempre são usadas de maneira pejorativa, que sempre reduzem o feminino a um papel de submissão e fragilidade. Percebemos também como certas palavras que se remetem ao masculino são utilizadas como sinônimos de gratificação pessoal. Nisso tudo, é visível como o machismo e a opressão do corpo feminino vai além da estrutura social, mas atinge a língua, o que passa muitas vezes despercebido.
Pôster Don't Let Racism Divide Us, 1977, da oficina See Red Women.
Indianara (2019)
Foi também comentada a necessidade de protagonismos mais diversos no movimento. Uma referência citada à essa reflexão foi o filme Indianara (2019), exibido no Festival de Cannes, que trata da ativista transexual Indianara Siqueira e como ela baseia seu ativismo nas condições marginalizadas das travestis no Brasil.
Pôster do filme Indianara (2019), dirigido por Marcelo Barbosa e Aude Chevalier Beaumel
Interseccionalidade
Outro assunto abordado foi como no movimento sufragista, por exemplo, já não existia uma presença universal de mulheres no feminismo, o que levou a uma reflexão acerca da interseccionalidade, que propõe analisarmos os recortes de classe, raça e gênero na causa e como estas afetam diretamente a sua estrutura. Neste sentido, qual a importância da interseccionalidade para o movimento feminista atual?
Sendo bastante recente, o feminismo interseccional tem sido extremamente necessário para a expansão do movimento e foi responsável, inclusive, pelo surgimento do feminismo negro. Depois de um processo de exclusão que durou anos, ainda existe a falta de uma representação universal de mulheres na causa feminista, o que a interseccionalidade pretende refletir e mudar, ao integrar mulheres lésbicas, transexuais e negras no movimento, tentando entender suas causas e lutas particulares.
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