No texto de hoje, resolvi trazer uma temática de extrema importância, muitas vezes silenciada, e que ganhou atenção popular nos últimos dias devido ao caso de uma menina de 10 anos, abusada desde os 6 pelo padrasto, que acabou engravidando. Estou falando de abuso sexual e exploração infantil.
Assim, escolhi um documentário que aborda muito bem o assunto, para que possamos entender melhor a dimensão desse problema . Estou falando de “ Um crime entre nós “. No documentário produzido por “ Maria Farinha Filmes´´, narrado por Luciano Huck , Dráuzio Varella e Jout Jout , são mostrados os fatores que contribuem para o alarmante dado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública: a cada uma hora, 4 meninas de até 13 anos são estupradas no Brasil. Dentre esses fatores destaca-se a impunidade do agressor e a naturalização da objetificação do corpo infantil, por conta de uma cultura machista que, sustentada em uma “ masculinidade frágil”, alimenta no inconsciente dos homens que se um cara mais velho “fica” com uma menina mais nova, ele é considerado viril, forte e pegador. É válido destacar que toda relação sexual, consentida ou não, com menores de 14 é considerado estupro de vulnerável, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Em relação à exploração sexual em si, o documentário esbarra diversas vezes numa questão fundamental: a desigualdade social. Ela é um dos principais motivos que levam essas meninas a serem exploradas, porque a falta de condições básicas para uma vida digna, direito que deveria ser assegurado pelo Estado, faz com que crianças se submetam a essa violação por um pouco de atenção ou um pacote de bolachas. Porém é um equívoco acreditar que só as mais pobres estão sujeitas ao abuso ou a exploração pois, apesar de velada, essa violação dos direitos percorre por todas as classes sociais.
Para além dos casos e regiões mostradas no documentário, a exploração sexual infantil é uma realidade, infelizmente, presente em todo nosso país, fazendo-se necessário que uma conscientização de toda a população que, direta ou indiretamente, fortifica a cultura da sexualização precoce. É batido falar de processos de conscientização, mas devemos todos entender que eles acontecem, primeiramente, em cada indivíduo. Quando evidenciamos situações de abuso, estamos ajudando na construção de diversos futuros e vidas de crianças em nosso país. A exploração sexual, aliada à desigualdade social, faz com que muitas crianças tenham que usar seu corpo como forma de subsistência ou para suprir carências emocionais.
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